domingo, 9 de outubro de 2011

INTELIGÊNCIA POLÍTICA



Assim começa a carta enviada pela Presidente Dilma Roussef ao ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC): “em seus 80 anos há muitas características do senhor FHC a homenagear. O acadêmico inovador, o político habilidoso, o ministro-arquiteto de um plano duradouro de saída da hiperinflação e o presidente que contribuiu decisivamente para a consolidação da estabilidade econômica.”

Não há dúvidas sobre o elogio público. Não resta qualquer incerteza sobre o reconhecimento da paternidade de algumas medidas que ajudaram a colocar hoje o Brasil como uma das potências mundiais. Dilma marcou a diferença.

Esta mensagem é um dos sinais mais inteligentes na política brasileira dos últimos anos. Aliás, caracteriza bem o estilo da atual Presidente. Senão vejamos: durante os dois mandatos de Lula, o PT e o ex-Presidente –sindicalista insistiram sempre em criticar quem os antecedeu e sobretudo os programas políticos que obviamente ajudaram a colocar o Brasil “nos eixos” económica e financeiramente. Dilma decidiu pautar-se pela elevação e pela diferença.

Ora, faz falta esta inteligência em política! Faz falta saber ver mais longe. Faz falta reconhecer os méritos alheios. Faz falta compreender que nem tudo é mau.

Dilma de uma assentada deu uma lição ao seu próprio partido e ao principal partido da oposição- curiosamente o de FHC – elogiando as capacidades e as conquistas do ex-Presidente conseguiu por a nú e desvalorizar os advsersários internos e os que pretendem apresentar-se como seus opositores. Todos compreenderam: desde os destinatários ao povo!..

Ao ler esta carta lembrei-me de como faltam na política portuguesa sinais de inteligência como este! Afinal de contas, quem chega é incapaz de reconhecer os méritos de quem sai. De dar continuidade a muito do que está bem. A tendência é querer marcar um estilo disruptivo, criticando tudo e todos. No fim, essa estratégia não colhe. E a abstenção aumenta!...

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