quarta-feira, 8 de setembro de 2010

DEMOCRACIA DIGITAL



A propósito dos tumultos em Moçambique escutava, esta manhã, uma jornalista improvisada a referir que as manifestações populares tinham sido convocadas por sms, fugindo em grande medida ao controlo da segurança do estado, e que, à cautela, o governo teria condicionado os serviços e acessos à internet.

Ora, não sendo estes factos uma novidade, confirmam a tendência inexorável – já antes sentida no Irão por exemplo – para ver na internet e nas novas tecnologias canais e instrumentos privilegiados para fazer eco do descontentamento popular, organizar greves e manifestações e promover rebeliões.

Em Maputo ou em Teerão vale de pouco cortar o acesso à rede. Existem, nos dias de hoje, múltiplas alternativas. Não vale a pena ir contra uma corrente que é avassaladora.

É curioso observar que, sendo Moçambique um dos países mais pobres do mundo e tendo dos mais elevados “gap” digitais, a população faça uso das TIC para se mobilizar e exercer direitos. Esta questão conduz-nos ao facto de que a Internet aproxima e não segrega; ajuda a reduzir assimetrias e intensifica a vigilância cívica. Isto são vantagens evidentes.

Não por acaso as grandes operadoras mundiais de telecomunicações e os gigantes da informática olham para África com muita atenção pelo potencial de consumo que representa.

Para os governos, de África como da Europa, a atitude mais avisada não será o controlo férreo sobre a rede – opção contra-natura - mas, antes, utilizar as virtualidades da rede para aprofundar o relacionamento entre o Estado e os Cidadãos e entre estes. Para o efeito, e tão importante quanto medidas de desmaterizaliação e modernização administrativa pela via digital, é o incremento das novas tecnologias no sistema educativo.

Em suma, a palavra-chave para gerir estas tendências é EDUCAÇÃO e não repressão!

Publicado no JORNAL OJE

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